segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Da peregrinação, da vontade e da graça


Há uns dias, num jantar de anos de um amigo não muito próximo, contava-me ele da sua experiência no caminho de Santiago. Não sei se voltou a estar na moda, se por coincidências ou sincronicidades da vida, tenho conhecido quem tenha feito o caminho. Até uma amiga da adolescência o fez, este ano que passou, peregrina de si mesma. Mas dizia eu, nesse jantar, esse amigo contava a história do casal sexagenário que conheceu num desses caminhos. Cresceram em Moçambique, namoraram, foram separados pela Independência, perderam o rasto um do outro, refizeram vidas, apaixonaram-se, casaram, tiveram filhos, enviuvaram. Lágrimas e sorrisos pelo meio. Um dia, ela passeava pelo Porto, a cidade que o acolheu a ele. Encontraram-se ali, puro acaso. Reconheceram as mesmas faces dos 15 anos. Casaram. Desta vez um com o outro. A lua-de-mel foi o caminho de Santiago. Eu, que gosto que me contem histórias reais, tive de me conter para que as lágrimas não rolassem. Insondáveis são os desígnios de Deus. Nunca saberemos o que está para vir. Bordão ou vieira, um anel no dedo, quantas lágrimas ou sorrisos. Assim acontece com as pessoas que conhecemos. Reais ou fictícias. Quem é que nunca se cruzou com um personagem de um filme? Ou livro? Ou o autor de um blog a quem perdemos o rasto? Eu já. 



2 comentários:

silvestre disse...

N personagens.

Pedro disse...

:) (se tu soubesses, silvestre... :) )