sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Callas em Lisboa

Capa de O Século Ilustrado, de 29 de Março de 1958


Foi com algum medo do que me esperava, que transpus a porta do Museu da Electricidade, apesar de conhecer a competência de algumas das pessoas que estiveram envolvidas na montagem da exposição.

Logo à entrada, um casal que saía interpelou-nos: a exposição era maravilhosa e imperdível. A senhora estava em êxtase.

E a razão não era para menos. A exposição está, de facto, muito bem elaborada. Duas secções inciais, uma dedicada a correspondência, outra a objectos decorativos, muitos deles ofertas que lhe foram feitas no decorrer da sua carreira (falta a Sagrada Família, em óleo sobre madeira, que Meneghini lhe oferecera e que a acompanhava para todo o lado). Dois outros espaços: os vestidos (quotidiano, de cena e noite - um dos quais teria sido usado quando cantou - e tocou - o trecho que aqui ouvimos e do qual falarei adiante) e as jóias de palco. Depois, a sua vinda a Lisboa, com direito ao cenário que foi utilizado num dos actos. Finalmente, programas de recitais, jornais e revistas, que antecediam o visionamento de três documentários, um dos quais português, realizado pela RTP, no início dos anos 80.

Por muito que estejamos rodeados de Callas, por mais do que a oiçamos, nunca saberemos quem foi Maria. Gostaria de a pensar assim, alegre, como a vemos na imagem que escolhi. Mas sei que, por Maiores que sejamos, poderemos não estar à altura da nossa própria felicidade. Por isso este Ah perfido, de Beethoven, gravado em 3 de Março 1976, em Paris, no Théàtre des Champs Elysées, o seu último registo sonoro.

Brava, Maria!

Maria Callas - Ah perfido

2 comentários:

David disse...

Já viste o que andam a dizer dela?

http://valkirio.blogspot.com/2008/08/fake-or-real.html

Pedro disse...

Não sei o que te diga: comentei contigo o facto do vestido da Tosca apresentar algumas diferenças nas aplicações de pedraria e do último concerto no Japão, ser um mais cor-de-rosa que encarnado, ao contrário do que as fotografias da época mostram. Mas para tudo há explicações, não sei se as apresentadas aí.Uma coisa é certa, o site que denuncia todas as incongruências diz que a Exposição de Lisboa é talvez a melhor, e apenas mostra o vestido da Traviata de Lisboa como falso, mas que na exposição é assumido como réplica (mal feita) do original. Se de facto existe trafulhice, não me parece que seja da parte de quem organizou a exposição.