sexta-feira, 29 de agosto de 2008

I'm going to tell you a secret

Sempre gostei de cozinhar e, pelo menos, o sucesso costuma ser garantido junto aos meus amigos. Nunca nada na cozinha teve segredo para mim. As maioneses sempre subiram, o molho béchamel nunca engranitou, os doces com muitas e muitas gemas tiveram sempre o ponto correcto de açúcar.
É certo que ainda me faltam aprender algumas técnicas - nunca me aventurei a fazer um souflée (até porque a maior parte dos meus amigos atrasa-se sempre quando há jantaradas cá em casa) e a massa folhada é sempre de compra.
E na hora de servir, não se tira apenas a melhor loiça nem a melhor toalha: há sempre cebolinho a dar um ar da sua graça e mesmo o arroz, que já ninguém serve em forma de coroa p'raí desde os anos 70, eu continuo a servi-lo assim.
Foi por isso, que há uns tempos atrás, andava eu à cata de abóbora-gila no supermercado para fazer doce, (até se decidir plantar algumas na quinta, porque a quantidade de doces que em casa se fazem com gila é surpreendente), fiquei surpreendido quando a rapariga da secção dos legumes nunca tinha ouvido falar de tal coisa: para ela, a gila que conhecia vinha em frascos. O que me faz lembrar aquela história presenciada por uma pessoa amiga, que num famoso salão de chá ali para os lados da Lapa, deliciou-se a ouvir, entre duas dentadas num scone, o diálogo entre duas senhoras, em que uma interrogava de onde viria a compota que era servida. Ao que a outra respondeu: "Então, vem da quinta! Das pessoas!"
Pois bem, uma das vezes em que senti mais vergonha na minha vida foi quando me mudei para esta casa e a abertura do gás se atrasou mais do que o previsto. Banhos resolvidos em casa dos amigos mais próximos; faltava a questão das refeições. Para quem, como eu, gosta de analisar as compras dos vizinhos da frente na fila do supermercado, não teria dúvidas em me rotular de solteirão, que nem um ovo sabe fritar (efectivamente, é bem mais fácil fritar um ovo do que fazer uns bons ovos mexidos ou mesmo um mísero ovo quente): ele era pizzas e lasanhas congeladas; bacalhau com natas e almôndegas com puré de batata também congeladas, enfim, tudo quanto há. Só faltavam mesmo as cervejas, coisa que só mesmo no verão e pouco mais.
Saí dali o mais rapidamente possível, com vontade de ir pôr bacalhau, ou feijão, de molho!

6 comentários:

Diabba disse...

Olha, a pergunta mais estranha que já me foi feita (em questões de comida) foi: "o coelho tem penas?"

Feita pela "caixa" do supermercado, que não conseguia decidir em que secção (do teclado da máquina) iria inserir aquele estranho bicho com 2 dentes grandes, 4 patas e curvado numa "couvete" (ahhh e sem pele).

Acreditas que nem me ri? Rio-me agora sp que penso nisso, na altura limitei-me a fazer um ar aparvalhado e a responder um espantado "não!"

beijo d'enxofre

Pedro disse...

Não tem penas, mas porventura bico! Faz lembrar a história de uma jornalista e apresentadora da RTP, que na redacção perguntou se a girafa era um mamífero ou era o quê... Mas aí teve como resposta: É o quê...

ana disse...

Temos cozinheiro! Mas de certeza que não fazes um arroz-doce tão bom quanto o meu! ;)

Pedro disse...

Bem, isso só mesmo fazendo um mini-concurso... Mas convenhamos que um arroz doce é daqueles básicos.. embora haja uns bem melhores que outros, efectivamente...

ana disse...

Básico?

Olha que então é um básico muito difícil para algumas pessoas. :)

Pedro disse...

Lol! Acredito. Faz-me lembrar aquela história verídica, passada no POrto, há uns anos, onde uma família procurava uma empregada doméstica. AO entrevistar uma candidata, à pergunta o que sabe fazer, terá respondido - o básico. Ao que o dono da casa terá respondido: Mas que básico? É que cá em casa o básico são fios de ovos e massas folhadas!