terça-feira, 11 de novembro de 2008

Dos 120 mil

Obviamente que sábado não foi o pior dia da vida da Senhora Ministra da Educação. Aliás, eu diria mesmo que foi um dos melhores dias da sua vida. Porque conseguir chegar viva ao dia seguinte, é caso para estar feliz. E agradecida a Deus – se não acredita, é bom que comece a acreditar. Porque em 120 mil professores, pelo menos um (e olhem que estou a fazer contas bem por baixo) que terá vontade de apertar o pescoço à Senhora.

Não sou professor. Nunca o quis sequer, ser. Mas tive, e tenho professores na família. Tive excelentes professores e maus professores no meu percurso académico. Tenho amigos professores. Do ensino básico ao ensino superior. Mesmo com vocação, nenhum deles tem, neste momento, prazer naquilo que faz. Porque hoje ser professor não é dividir meia pacata com os alunos. É dar tudo a um ministério que não oferece nada em troca. Porque nem serviço público oferece.

Avaliações que são feitas por colegas que nem da área são (conheço professores de Educação Física que são avaliados por professores de Educação Tecnológica e Visual); escolas que recebem ordem expressas de avaliar os professores apenas com Bom, como se, de facto, todos os professores fossem iguais e porque para dar uma nota diferente teriam de chamar uma comissão externa e, ai ai ai, a carga de trabalhos que isso seria!

Mas o que interessa não é os alunos aprenderem. É distribuir computadores, mesmo que as crianças continuem brutas e analfabetas (ou iletradas, que para todos os efeitos, é bem pior). É ficar-se contente porque as melhores notas nos exames de Língua Portuguesa foram de 15.

Acredito que a revolução de há 34 anos se tenha feito exactamente para que não houvesse necessidade de mais manifestações. Este sábado, foram 120 mil. Quantos mais serão precisos?

10 comentários:

Teresa disse...

Clap! Clap! Clap!
E mais não digo, pelas razões que sabe...

Pedro disse...

Sei, sei! E como as coisas andam, nem sabe o quão remendado o texto já está... Esta é a versão mais inócua possível.

Carla disse...

Sinto exactamente o mesmo que tu... Tive óptimos professores (e maus professores também), professores na família e grandes amigos professores... Todos eles sentem o mesmo! A tentarem fazer algo melhor - a tentarem! Mas nem as manifestações ajudam a uma mudança...

Carla disse...

Sinto exactamente o mesmo que tu... Tive óptimos professores (e maus professores também), professores na família e grandes amigos professores... Todos eles sentem o mesmo! A tentarem fazer algo melhor - a tentarem! Mas nem as manifestações ajudam a uma mudança...

David disse...

O efeito borboleta?

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1042449

Pedro disse...

Pois... já ouvi dizer... Imagina se tivesse publicado o texto sem cortes...

Pedro disse...

Ainda não tinha visto foi as imagens. Nem sabia deste pormenor: "Após este incidente chegaram ao local mais reforços da GNR que controlaram a situação. No entanto, há a registar a identificação de alguns alunos e a apreensão de algumas caixas de ovos."
Os principais interessados em toda esta questão, nem sequer são ouvidos; são identificados pela GNR crianças (pelas imagens dá perfeitamente para perceber que a grande maioria tem cerca de 12 anos); no Carnaval toda a gente atira ovos e ninguém é identificado... E eu, que pensava que as crianças eram o melhor do mundo!

David disse...

Mas o melhore é a: "apreensão de algumas caixas de ovos"

tipo CSI Fafe

"Fafe P.D."

David disse...

*melhor

Pedro disse...

Essa é muito boa! Depois analisam de os ovos estavam em condições de serem consumidos, caso contrário deixam o caso para a ASAE