quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Do Pó, Cinza e Nada

"Primeiro, percorremos as livrarias para ver se já está à venda. É com um sorriso que pegamos nele pela primeira vez.


Depois, são os amigos que nos mandam MMS, com fotos de escaparates ou de montras. E aí ganhamos consciência da dimensão da coisa. É nessa altura que nós nos tornamos um livro aberto. De papel que se rasga. De papel que se queima. E nunca nos sentimos tão frágeis, porque tão observados e avaliados.


E é nessa altura, que desejamos ser Regina Pacini e que um qualquer Marcelo Alvear (ou direi Don Quixote?) destrua toda e qualquer prova da nossa existência."


Regina Pacini (1871-1965) foi uma cantora lírica portuguesa, filha de pais Italianos. Da sua legião de admiradores, contava-se o Rei D. Carlos e Máximo Marcelo Torcuato de Alvear Pacheco, que lhe oferecia dúzias e dúzias de rosas encarnadas e brancas e o qual acabou por desposar. Marcelo ascendeu à Presidência da República Argentina. Procurou comprar todas as gravações da mulher (entretanto retirada do mundo artístico) para depois as destruir, de modo a que ninguém mais a ouvisse. Não o conseguiu, mas Regina foi-lhe afeiçoada até à hora da sua própria morte.

Henry Purcell, The Fairy Queen - The Plaint: O let me weep, for ever weep