segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sentimentos de um humano

Há uns tempos comentava com um amigo que a minha essência era mediterrânica. Casas brancas espreguiçadas ao sol, o azul do céu e do mar, a brisa quente nos alpendres, as andorinhas da primavera, as cigarras e o cheio a alecrim dos dias de verão, as searas da planície que se perdem de vista.
Esquecia-me dos campos verdejantes do norte ou dos lagos da Suécia.

E esta viagem mudou muito a minha forma de ver os nórdicos. Educado na convicção de que ingleses nos olhavam de cima (minha mãe é completamente francófila), pensei que fossem frios, distantes e extremamente formais.

Entrei em lojas a dizer Good morning. À terceira, percebi que o costume era apenas Hello ou Hi. Em Portugal, quando se diz, acabamos por ser mais formais. E não é sintomático de indiferença – na secção de música clássica da HMV perguntaram-me o porquê de levar apenas gravações de óperas ao vivo; na secção de dvds a rapariga foi incansável a procurar os meus pedidos (que, infelizmente, não foram satisfeitos por não haver); na Waterstone’s igualmente incansáveis.

Vários mitos deitados por terra: as inglesas não vestem mal, faz imenso sol em Londres, nem fog nem smog, o metro não é nada confuso (as estações são é pequenas e feias, bem como as carruagens). Aliás, achei uma cidade para dummies / tótós. Mind the gap, mind the doors, keep left, look right. Produtos como manteiga e queijo com aviso de que são derivados de leite... Ou as pastilhas elásticas como sendo indicadas para vegetarianos.
Não consegui ver metade do que tencionava, ao contrário do que me disseram – talvez porque goste de ver tudo ao pormenor. Multiplicidade cultural sim, mas para quem não foi nunca ao Martim Moniz. Tal como cá, mas em maior escala – não há cá misturas.

Tudo em maior escala foi a grande diferença – sobretudo as colecções dos museus. E aí, sim, têm um verdadeiro serviço educativo digno desse nome.

Voltar? O mais depressa possível!

Para ouvir – a primeira suite de Gustav Holst (1874-1934) compositor inglês, visto ter composto mais do que Os Planetas.

5 comentários:

David disse...

Eu fiquei foi fã do fish and chips!!

Noiva Judia disse...

Haja alguém que concorde comigo na opinião de que os ingleses são simpáticos e não snobs. Quando lá estive, fui o mais bem tratada possível e ao chegar cá, quando relatei essa experiência, a maior parte das pessoas não acreditou. Continua a preferir acreditar que eles são muito "nariz empinado".

Anónimo disse...

Acho que os exemplos que dás não demonstram necessariamente simpatia, mas sim competência e vontade de vender! Se estão à frente de uma loja é natural que se interessem pelos clientes. Correndo o risco de adoptar o discurso dos taxistas de Lisboa, deixa-me dizer que em Portugal (especialmente em Lisboa e na nossa querida terrinha) somos verdadeiramente mal atendidos nas lojas. Várias vezes me pergunto se os comerciantes estão de facto interessados em fazer negócio. Uma coisa aflitiva, que demonstra a nossa falta de competência e competividade.

Pedro disse...

Como se grande parte dos taxistas fossem especialmente simpáticos! Mas no caso não se tratava só de eficiência. Que nalguns casos foi apenas e tão só eficiência. Ou somente educação. Noutros foram, de facto, simpáticos.

Mad disse...

As saudades que eu tenho de Londres... Ainda bem que gostaste.