sábado, 3 de outubro de 2009

À pesca



Não me lembro se em criança tive um daqueles jogos que consistia numa cana com íman e cujo objectivo era pescar peixes com íman. Aliás, diga-se em abono da verdade que nunca fui à pesca, nem de cana, nem de rede. E a nível genético a coisa não podia ser mais desastrosa - a única vez que o meu irmão lançou a linha, lançou também a cana (devia ter 14 anos, se tanto).

Ora, esta manhã, depois de me ter enraivecido com a arruada de certo partido político que passou mesmo em frente à minha casa (que eu não tenho nada contra o partido em questão, irrita-me sim tanta preocupação com os trabalhadores e vá de às dez horas da manhã de um sábado, quando as classes oprimidas estão a tentar recuperar o sono de uma cansativa semana de labor, fazer uma chinfrineira com bombos e trombones de tal forma ensurdecedora que até o Diniz se escapuliu para debaixo da cama com medo!) fui estender roupa. Não porque estender roupa me acalme - até é uma das tarefas domésticas para a qual não tenho grande pachorra, mas tinha de ser.

Há uns dias atrás , tinha comprado uma molas (ignóbil porcaria) que me deixaram ficar mal: vá de uns jeans irem parar ao terraço dos vizinhos do R/C. A coisa complicou-se um bocado porque os vizinhos em questão são um estabelecimento comercial e já passava da uma hora. Sendo que segunda-feira é feriado, só terça-feira poderia ir pedir as calças.

Eis senão quando me lembrei da minha antiga vizinha (cujo nome não me recordo agora, eu e a má memória para nomes), uma senhora dos seus setentas e muitos anos, que morava por cima de mim na minha anterior casa e que passava a vida, para além de passar horas à conversa comigo sempre que me apanhava nas escadas, a pescar peças de roupa que deixava cair (e acho que molas também!) com um cordel e um anzol. Tudo isto para não ter de pedir à vizinha do R/C, que era a porteira e de quem gostava (não era só ela!).

Como a necessidade aguça o engenho, lá me arranjei. Uma corda que tinha de um antigo varal, atado a um bocado de madeira com um camarão et...voilá! À segunda tentativa consegui recuperá-las.

Continuamos com Amália Rodrigues. Fui ao mar buscar Sardinhas, do álbum Gostava de ser quem era.

4 comentários:

Almofariza disse...

Jeans grelhados com pimentos, para o jantar?
;)

Cadês
Almofariza

Bluedressed disse...

Estou encantada com o teu texto. Os meus parabéns, wonderfully written!

Elogios aparte, eu por acaso até tive um jogo desses. Os peixes andavam à roda e eu tinha que apanhá-los com uma cana com íman. Mas... também tive outro! Ah pois é... bebé! Tive um que era com polvos, em que os tentáculos tinham uma espécie de argolas nas pontas, nas quais tínhamos que encaixar o anzol. Eles também andavam à roda só que se erguiam, o que facilitava a tarefa da pesca.

Ai, ai... é bom reviver estes momentos! E viva o desenrascanço. Aposto que o Diniz está muito orgulhoso do seu dono!

Pedro disse...

Almofariza: LOL! Eu não gosto é pimentos, mas era uma boa ideia!

Bluedressed: Pesca de peixe e polvos. Ganhaste! (O Diniz anda mais numa de dormir que outra coisa...)

Joana disse...

Tive o jogo dos peixinhos, já fui à pesca e também já apanhei roupa que me caiu do estendal com linha e anzol :D