Depois do encerramento do Teatro-Estúdio Mário Viegas, o encerramento do cinema King é um duro golpe na nossa cultura, como tantos outros que nos infligem diariamente.
Contudo, quando penso no cinema King, o que me vem à memória não são os filmes que lá vi e que dificilmente veria noutros cinemas; nem a feliz ausência de pipocas e o seu cheiro nauseabundo (no pun intended); nem o facto de o público se conseguir manter calado durante o visionamento do filme.
O que recordo são as cúmplices viagens de transportes desde a Basílio Teles há quinze anos atrás até lá; as tentativas solitárias de curar ressacas amorosas depois do fim de várias relações ou em momentos de maior sufoco sentimental em que procurava desesperadamente ter um espaço só meu; das mensagens de amigos a contarem-nos que o nosso livro se vendia na sua livraria ou a primeira vez que fui ao cinema com a actual cara-metade. Domingo fecha também uma parte de mim, que não se vai repetir.
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