Se contasse a verdade, nunca ninguém iria acreditar que a
primeira vez que tomara consciência de que a sua relação chegara ao fim, fora
num dia de Inverno, desses dias de chuva que não pára, junto à estante dos
livros de poesia, a folhear a poesia reunida de Maria do Rosário Pedreira, que
há meses namorava. Naquele dia de Inverno, naquela livraria de um qualquer
Comercial que nunca ia, que nunca iam, lá estavam os dois. Um à porta,
esperando, indiferente; o outro junto à estante de poesia, folheando o livro,
o nó da garganta a crescer, o esforço para os olhos não lacrimejarem, o corpo
gelado à mingua dos seus dedos, cansado de lhe pedir abraços, indiferente aos encontrões apressados das pessoas que iam e vinham.
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3 comentários:
tão bonito!
li, reli e não consigo parar de ler...
Obrigado Anónimo
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