quinta-feira, 5 de junho de 2014

Da distinção de sentimentos

A minha Avó foi uma dessas criaturas abençoadas com um talento enorme para tudo o que fossem trabalhos manuais, desde a cozinha, costura, bordados, rendas, lavores, em suma. Aprendeu tudo por si só, com a experiência do faz e refaz até que saia bem e, acima de tudo, com o poder (mágico) da observação, que lhe permitia ver algo em qualquer lado, por mais complicado que fosse (renda, por exemplo), e chegar a casa e reproduzi-lo na perfeição.
Por razões que não interessam, vi-me obrigado a fazer um trabalho de bricolage pela primeira vez na vida. Intuição, muita intuição. Vou chamar-lhe de macramé que, não o sendo, é sempre uma oportunidade de usar uma palavra que gosto bastante. Seguramente que, se fosse viva (e tivesse saúde), seria a Avó quem estaria fazer macramé. Infelizmente, não está. Contudo, o trabalho em macramé está a desenvolver-se a bom ritmo e, até ao momento, sem problemas de maior. E isto, que me podia deixar orgulhoso, está sim a deixar-me imensamente grato por ter dito alguém que me tivesse educado na certeza de que com observação, dedicação e esforço, tudo se consegue, dando-me as ferramentas necessárias para me desenrascar sozinho, mesmo em coisas que não percebemos nada. Como macramé.

2 comentários:

Anónimo disse...

lavores e não lavoures.

Pedro disse...

Obrigado, já corrigido! ;)