sexta-feira, 27 de junho de 2014

Quem tem amigos, tem cadilhos (ou como eu seria um pai galinha do pior)


Situação: amiga vai pôr um ponto final num relacionamento amoroso, com alguns meses de atraso, um daqueles que já se acabou, mas sem ser por todas as letrinhas (na verdade queria mesmo era ir buscar uns tarecos que tinha lá deixado em casa, coisas de gaja que fazem sempre falta - pares de sapatos e coisas do género, rímeis já fora do prazo, mas não há-de ficar lá nada para uma hipotética gaja que apareça futuramente).

Na véspera, envia-me mensagem e a outro amigo, dizendo: "Vocês deixem os telefones ligados não vá eu precisar que me vão buscar ou que chamem a polícia caso ele me queira prender lá!" Isto, claro, para além do implícito: "Eu mando SMS se isto estiver a ser demasiado mau, para que me liguem para que possa ter um desculpa para fugir de lá a sete pés". Assentimento da nossa parte, palavras de incentivo da minha parte, qualquer coisa como: "É: "vai-te f@der meu grande c*brão" que se diz, ouviste?"

Meio dia e três minutos do dia do encontro: SMS relatando que estava já a caminho do encontro, sem vontade nenhuma (e mais uns pormenores que não vos interessam). Mais palavras de incentivo da minha parte (sem tantos palavrões).


Cinco da tarde. "Porra, mas para conversar é preciso tanto tempo?" - penso eu. SMS: "Estás viva? Ele não vai ver o jogo e deixar-te da mão?"

Cinco e meia. Nenhuma resposta. Começo a pensar em ir ligar para a polícia, hospitais e morgues da zona. (Nunca imagino nada que não tenha faca e alguidar à mistura.) Talvez seja um pouco precipitado. Resolvo aguardar.

Seis horas. Nem sinais de vida nem de morte. Não adianta enviar-lhe mais SMS; recebeu a anterior. Se não respondeu foi porque não quis ou não pode. Não sei porquê. Envio SMS para o outro amigo: " Sabes alguma coisa?". Não, não sabe. Agora em vez de um, são dois a ficarem preocupados. Boa, Pedro!

Finalmente, seis e meia da tarde. SMS: "Está tudo bem. Mas vamo-nos rir, nós os dois.

A sorte dela é que hoje estou bem disposto.



2 comentários:

Mep disse...

Tu não dizes palavrões, quanto mais tantos...

Pedro disse...

Mep: só uma leitora assídua como tu é que saberia distinguir um texto de ficção de outro que relatasse a realidade tal qual... ;)