quarta-feira, 21 de maio de 2008

Da Gratidão

A gratidão é, porventura, um dos sentimentos que mais enalteço. Pode parecer antiquado, um pouco pretensioso, até mesmo snob. Mas talvez pela raridade com que a sentimos nos outros (e até mesmo em nós próprios).

Foi com agradável surpresa que este disco que me veio parar às mãos. Tinha ajudado o P., um dia inteiro, num trabalho que precisava. A mim, não me custou nada: além de ser algo que estou mais do que habituado a fazer, deu-me imenso gozo: o resultado final foi bastante compensador e sabe sempre bem ajudarmos os amigos.

Por isso, nem sequer estava à espera que o P., na semana seguinte, me aparecesse com um presente. A minha ajuda, no meu entender, não era merecedora de tal obséquio.

Além de eu ser facílimo de ser presenteado, acresce o facto do P. conhecer bem a minha paixão por Tchaikovsky e de partilhar comigo o gosto de música clássica, não tão comum quanto isso na nossa geração. Já me havia oferecido o Concerto para Piano nº1, com Horowitz e Toscanini (um dos seus maestros preferidos) e um pungente Romeo e Julieta, pelo maestro Kurt Sanderling, até então desconhecido para mim.

1812 foi escrita para as comemorações do 70º aniversario da vitória Russa contra a França napoleónica, na batalha de Borodino, em 1812. Por isso, é possível descobrir parte da melodia do hino francês.

No entanto, o ponto alto desta gravação de 1958, reeditada pela Decca (é impressão minha ou a Decca está a reeditar imensas gravações históricas) é o facto ser a primeira gravação onde se utiliza um verdadeiro canhão (neste caso um canhão de bronze de origem francesa, de 1775 e por isso, contemporâneo da batalha de Borodino) e um verdadeiro carrilhão. Geralmente em salas de concerto são substituídos por tímbanos e pelo órgão.

Se quiserem ouvir mesmo os disparos do canhão, vão ter de ouvir quase até ao fim...

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