domingo, 7 de setembro de 2008

The Hours


Ontem à noite revi The Hours. Tinha-o visto quando estreou, comprei o Dvd, mas nunca o revi. Basta a banda sonora para me deixar angustiado. Como se toda a água do Ouse me submergisse.

Não me consigo recordar se vi primeiro o filme, ou se foi o livro que li primeiro. Cunningham tem o condão de me prender à sua leitura - nunca chorei tão compulsivamente com Uma Casa no fim do Mundo (que não vi a adaptação ao cinema) do que com outro livro qualquer, apesar de não me rever minimamente nele.

Ontem, no entanto, reparei em algo que me tinha passado desapercebido: o Lieder que Clarissa ouve quando chega Dan Brown. Strauss seguramente - (Richard e não nenhum dos Johann); mas tive de esperar pelos créditos finais para perceber quem cantava e o quê ao certo. Surpresa as surpresas - Jessye Norman - não lhe reconheci de todo a voz. E de facto, estava correcto: Vier letzte Lieder (The four last songs), de Richard Strauss, a partir de poemas de Herman Hess. Neste caso, a terceira: Beim Schlafengehen.


Beim Schlafengehen

"Nun der Tag mich müd gemacht
soll mein sehnliches Verlangen
freundlich die gestirnte Nacht
wie ein müdes Kind empfangen.

Hände, lasst vom allem Tun,
Stirn, vergiss du alles Denken,
alle meine Sinne nun
wollen sich in Schlummer senken.

Und die Seele unbewacht
will in freien Flügen schweben,
um im Zauber kreis der Nacht
tief und tausendfach zu leben.

Dormir

Agora que o dia me cansou,
deve o meu desejo saudoso
acolher a estrelada noite amiga
como uma criança fatigada.

Mãos, deixai todas as tarefas;
fronte, esquece as tuas ideias.
Agora todos os meus sentidos
desejam mergulhar no sono.

E a alma, sem vigilância,
ascenderia em voo livre
para no círculo mágico da noite
mil vezes profundamente viver.

Jessye Norman - Beim Schlafengehen

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