segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Do blog

Estive a pensar em vós. É verdade, de vez em quando penso. Porque me faz espécie (é sempre ocasião para usar esta linda palavra, que adoro, de má que é - e deve-se ler espésse) a razão que vos levam a ler-me. Eu ler-vos, é simples: sempre tive um je ne sais quoi de voyeur e temos de concordar que os blogs são sempre muito melhores do que qualquer Big Brother (sim, assumo que vi, e depois? Não me fez mal nenhum à inteligência - não se armem em intelectualóides que não vêem esse tipo de programas e coisas que tais, que não há pachorra!). Isto porque podemos mudar de blog num click, pois pode sempre melhorar, o que geralmente não acontece na televisão. Na nossa e nas outras - isto é mau, mas lá fora é igual, nós só copiamos o que é mau, ou já se esqueceram do que o Eça disse há mais de cem anos?

Bom, adiante.

E faz-me espécie porque acima de tudo a minha vidinha não tem nada de especial. E aqui não se trata de modéstia. Do acordar para o trabalho, para o regresso a casa, onde se preparam as coisas para o dia seguinte, terminando o dia, de pijaminha (escusavam de ter ficado com esta imagem pouco abonatória e sensual de mim, mas enfim, ajuda ao boneco), esticadinho no vale de lençóis... Um dia atrás do outro.

E foi aí que me lembrei da MenMónica. Ou da Maria Filomena Mónica (é que o nome se presta a tantas graças que se torna irresistível). Pois bem, e o que terei eu a ver com a Senhora, perguntais vós?

Além das evidentes diferenças, eu diria tudo. A única diferença está no meio. Meio de comunicação, entenda-se. Porque se a Senhora escreveu as suas Memórias (Bilhete de Identidade, estão lembrados?), eu escrevinho um blog. Que me diverte e nisso, como em outras coisas, sou muito egoísta - farto de fazer as vontades dos outros.

[Aqui tenho de fazer um parentesis - todos os livros da Senhora que tenho, foram-me oferecidos pela minha amiga M. que, como eu, desenvolve pela mesma uma relação de amor-ódio. A única diferença é que a M. a conhece desde os 15 (precoce, a miúda! - sim, que é do meu tempo!), eu desde e os 20 e... qualquer coisa!].

Como a própria diz, toda a gente lá fora escreve as suas memórias. A grande questão é saber se o que se escreve traz alguma coisa de novo que a tornem tão especial. E não me parece que assim seja. Tirando o seu percurso académico no estrangeiro que, no seu tempo, para uma mulher, seria algo diferente, tudo o mais pertence à da gente comum (obviamente que se fosse hoje em dia o extraordinário seria fazer o percurso académico cá). Porque o que passa ao longo de todo o seu discurso biográfico, são as preocupações amorosas. E as sexuais. E as suas preocupações são as nossas. Os nossos diários também pupulam de desilusões amorosas. De [poucas, felizmente] más performances sexuais (já repararam que o Vasco Pulido Valente gosta delas esqueléticas e secas que nem umas passinhas? - se calhar é por isso que não se esforça mais...).

E toda esta pretensa dissertação porquê? Porque vou continuar a fazer o que gosto: escrever com aquilo que gosto, seja da minha vida (já me disseram que era muito reservado - tenho idéia que em quase 30 anos isso não mudou, não seria agora), seja dos livros, filmes ou músicas de que gosto. E com companhia melhor. A vossa, claro. Sejam um ou dez. Mesmo que não concordem nada com o que digo (e ainda bem, que não acho gracinha nenhuma àqueles bonecos que abanam a cabeça para cima e para baixo). Porque sei que ainda me hão-de fazer gostar dos dias cinzentos de chuva (de Mariza é que já acho impossível). Mas acima de tudo, não me levem demasiado sério. Porque o que gosto mesmo, é de uma boa gargalhada. E quem mas conhece, diz que não há outras iguais.

6 comentários:

Carla disse...

Pedro, ao ler este post fez-me lembrar uma certa frase que a minha irmã tem apontada num caderninho e que sempre achei piada: "Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errada..."
:) gosto de ler o teu blog - a maioria das vezes dá que pensar...
Fica bem!

Pedro disse...

Não que estou errado, mas ter a mesma opinião acaba por condenar o diálogo.

Como dizia o Poeta... "Pensar é estar doente dos olhos!"

Adão disse...

Gosto de vir aqui ver o que se passa. Juntamente com o teu “blog”, busco em mais uns quantos, aquela sabedoria que me foge. Verifico com curiosidade infantil, as “novidades”, as “tricas”, as “estórias” e acima de tudo, a minha ignorância em alguns temas. Confesso (aliás como já o fiz) a minha tremenda inveja pelos dotes culinários do autor deste “blog”, até porque sou um “cozinheiro do pior” (gargalhada).

Vejo neste “post”, um balanço, de querer saber… quem lê. De quem se importa ou se fará diferença na “blogoesfera”. Por aquilo que conheço deste universo, e a julgar pelos inúmeros comentários que aqui jazem, assume-se que há quem o leia, há quem se importe e com toda a certeza, faz a diferença em muitos leitores. Mais… a necessidade de vincar a diferença entre um autor virtual, e um ser real, é desnecessária, porque todos temos consciência que o autor é mais do que este “blog”. É mais do que as letras, as músicas e as imagens, que aqui proliferam. Tudo isto faz parte de algo, que se completará com as tais “gargalhadas” e outras características ainda por revelar. Acho bem que este espaço continue. Até porque faz falta (e não o Zé) – piadinha política (gargalhada)!!!!!!

Um abraço.

Pedro disse...

Não me interesso pelos leitores, mas tão somente pelo seu interesse em lerem o meu blog. Mas é óbvio que é bom saber que o blog suscita (algum) interesse.

ric@rdo disse...

Não te interessas pelos teus leitores? Agora senti-me.

Pedro disse...

E quem não sente, não é filho de boa gente. Obviamente que o que quis dizer o meu principal interesse é saber qual o vosso interesse em lerem-me, e não tanto saber quem são.