Um dos quadros que tenho na sala, é o retrato da mãe, pintado por um daqueles artistas de rua de Montmartre. Estavamos em 1965. Nem meia dúzia de anos depois, a Mãe foi ao casamento do irmão com um vestido cujo tecido é semelhante ao da foto, mas com flores pretas e prateadas, mais estilizadas e geométricas, já a querer saltar para a década seguinte.
Não é para falar dos Sobranie Cocktail (again), nem dos ovos quentes que adoro ao pequeno-almoço, nem tão pouco sobre pintura inglesa oitocentista (fica para outra altura), que servirá este filme.
Não sendo uma obra-prima, é, todavia, incontornável, pelos assuntos que aborda. É um filme sobre escolhas. Das dificuldades que temos em fazer escolhas, da percepção da finalidade no que diz respeito ao dia-a-dia; de como as desilusões (amorosas) podem ser cruéis (mas não por isso menos importantes no crescimento), do confronto entre o que temos e o que queremos, de como o espírito reindivicativo não é necessariamente rebelde; de como os pais não são super-heróis; de como a realidade não é de todo linear.
Passados quase 50 anos, ainda se fala latim e o existencialismo continua tão, mas tão presente. E isto numa sociedade um pouco mais igualitária, em que pílula e demais contraceptivos se tornaram, felizmente, mais corriqueiros.
Da banda sonora do filme, Madeleine Peyroux - J'ai Deux Amours. Porque as escolhas não são fáceis.
4 comentários:
Dos filmes que vi ultimamente e que me tocaram bem cá dentro. Um dos meus preferidos, vai para o meu top dos filmes. A vida é consequência mesmo das nossas escolhas, e que escolhas... bjs
Conheces o album da Madeleine Peyroux "hal the perfecto world"?
half the perfect world
desculpa
Estou ansiosa por ver...
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