em que a cara metade está a mostrar-nos fotografias da juventude. Suas e dos amigos. E dos ex-namorados. É então naquele momento em que tentamos que o sorriso não esmoreça, que na nossa cabeça só pairam imagens de lança-chamas e x-actos e uma explosão que desfaça em mil pedacinhos o que outrora foram retratos.
(mas sou só eu que fico desconfortável com estas cenas? É que por muito que tente encará-las com naturalidade, acho-as tudo menos naturais - não o passado em si, obviamente, mas a partilha do passado feliz no presente?)
24 comentários:
Há-de ser algum tipo inconsciente de defesa eheh Também não acho particular interesse à partilha de informação em demasia. Mas é engraçado. Nós queremos saber como foi, como eram, em que é que somos diferentes. Quando finalmente sabemos, não gostamos, ficamos com um nó na garganta e uma sensação esquisita na barriga. Seres humanos -.-
Claro, há sempre uma curiosidade mórbida em querer saber. Não sei se se trata de não gostar de saber, acho que passa por: porra, já foste feliz e não fui eu quem contribuiu para isso. Embora, claro, seja bom saber que a pessoa que está ao nosso lado já foi feliz sem nós. Seres humanos, sim ;)
Quando tu pensas que "por mares nunca dantes navegados", vês depois, em formato fotografia que afinal toda a Invencível Armada já por lá passou.
Eu é mais por aí.
Depois dos 30, achar que são "mares nunca dantes navegados", nem seria ingenuidade, mas sim estupidez (mal do qual padeço muitas vezes, é verdade). Até porque não há surpresa nenhuma de quantos e quem foram e como são - na era facebook tudo se sabe. É mais a materialização de tempos felizes do passado, ali corporizados, e não uma ideia abstracta.
É inevitável. Tiveram toda uma vida antes de nós. Mas sim, compreendo-te. Estranha-se sempre.
Ou então ires à casa onde moraste uns anos, abrirem juntos um armário e de lá cair uma tela gigante contigo e a tua ex-cara metade de sorriso estampado em NY. Not good :/
É essa estranheza que me faz questionar qual a forma correcta de reagir :)
Raquel: essa ganhou. Definitivamente, size matters :P
Então experimenta abrir uma caixa num recanto do mais escondido que há no sótao (um lugar esquecido) e encontrares o álbum de casamento do teu actual com a sua ex! :) É bonito de se ver!
Eu também dispenso...
Troco o lança-chamas pelos pequenos cortes de papel + piscina de álcool etílico.
Size do matter!
Ora já a mim não faz a menor confusão. O que passou faz parte do passado e o presente é meu. Os ex são memórias, esperemos que boas e que contribuíram para fazer as pessoas que somos hoje.
Como diz um grande amigo meu " Somos o que fomos".
Mas mais estranho ainda é quando não há vestígios do passado, não há fotografias nem memórias contadas.
Kelle: nunca tinha pensado nisso. Os despojos do casamento anterior. (mas nesse caso abriste literalmente a caixa de Pandora!)
Rosa Cueca: a piscina de álcool parece-me uma óptima ideia! :D
Stiletto - mas estamos completamente de acordo. A questão é saber como reagir quando o passado do outro está diante dos nossos olhos. E é precisamente isso que não sei qual a atitude "correcta"
Marta: também nunca tinha pensado na situação oposta. O que é capaz de ser pior, pelo menos a minha imaginação é capaz de dar conta do assunto em 3 tempos...
Gala: mesmo contextualizadas e "naturais". Mas é tão somente um desconforto, tenho é uma imaginação muito fértil ;)
O que lá vai lá vai mas nao é preciso apagar o passado, há que ter huevos para admitir que elas já foram felizes (muito felizes) antes de nos conhecerem. O resto é poesia ;)
Acho que é por aí, Jibóia. Não que queira apagar o passado, mas ter de admitir isso é que custa (ainda que nós estejamos exactamente na mesma posição). Mas também não me vejo a mostrar fotos de ex com a maior das naturalidades, de qualquer das formas, mesmo estando o passado arrumadinho e coiso e tal.
Deixemos o passado onde ele deve estar: no passado!
Estou casada há quase vinte anos, e nunca me ocorreu ao meu marido pedir-lhe para ver essas fotografias, ou mostrar-lhe as minhas.
Bem sei que tudo isso faz parte de cada um de nós, mas é uma parte de cada um de nós que não diz respeito ao outro.
Provavelmente não sentiria qualquer espécie de desconforto ao vê-las, mas é algo que não me interessa minimamente.
(Pedro, aquele Craig Armstrong na banda sonora é uma maravilha - obrigada!)
"e nunca me ocorreu ao meu marido pedir-lhe"
- saia um prémio nobel da sintaxe para a mesa do canto...
(eu também sou muito dado a nobéis desses :D)
Aconteceu, ninguém pediu para ver nada. É natural que entre tanta fotografia antiga apareçam algumas que não nos interessassem. E racionalmente não nos interessa, mas há sempre dentro de nós uma vizinha cusca, não? ;)
Craig Armstrong tem coisas muito, mas muito boas!
Obrigada, Pedro. Andei durante uns tempos a acreditar que era ET, que toda a gente aceita serenamente recordações de amores anteriores e que só eu não conseguia engolir muito bem. Obrigada.
Pedro: acabei de te roubar o Craig Armstrong para um post. Pois lá teve de ser...
;-)
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