quarta-feira, 18 de abril de 2012

Streetcar named desire - Scottish Ballet


Um eléctrico chamado desejo continua a despertar desejos. Esta nova produção do Scottish Ballet, que comemora o 60º aniversário da peça é surpreendente sobretudo nas escolhas necessárias para a adaptação em ballet. A coreografia de Annabelle Lopez Ochoa traduz de forma simples, directa e por vezes inteligentemente o que Tennessee Williams pretendia. No entanto, a escolha acertada de nos contar esta história de desejo e de fantasmas do passado sem recurso a analepses - "There is no past tense in dance" faz com que tenhamos uma nova percepção das personagens - Blanche não nos parece a mulher tonta do filme, pois percebemos de forma inequívoca a evolução da sua densidade psicológica - a raiz dos seus desejos, dos seus medos. Porque é desta dualidade, entre medo e desejo, entre masculino e feminino que se trata.
Outra escolha brilhante foi a nível cenográfico - Belle Reve, a grande propriedade familiar está presente durante toda a peça - no início como pano de fundo, para logo se desmoronar e cujos despojos servem de cenário e adereços para todo o desenrolar do bailado.
A prestação dos bailarinos, irrepreensível, facilitada por um guarda-roupa que soube aliar de forma inteligente a necessidade de retratar uma época e reflectir de forma inequívoca as personalidade das personagens à necessidade da dança.
Finalmente, a música. E que música! Da autoria de Peter Salem - mais um nome a reter - tendo sido responsável por variadas bandas sonoras em variadas séries da BBC, como esta que vos deixo - Great Expectations.


Sem comentários: