quarta-feira, 9 de maio de 2012

Da Feira do Livro


Ontem foi dia de Feira do Livro. Desde há uns anos para cá, a Feira do Livro tem perdido o seu encanto. Desdobram-se os romances históricos de qualidade duvidosa, os manuais de mecânica dos anos 70, os livros de espiritualidade e auto-ajuda ou os gurus de como arranjar o homem dos seus sonhos - a banha da cobra, tão típica das feiras. E cada vez os descontos de feira são menores. Três euros não são descontos, são atenções aos clientes que qualquer livraria de bairro faz aos clientes habituais. Lembro-me de anos anteriores em que, com meia dúzia de mil réis, ir para casa com um montão de livros, a ponto de me doerem os braços - na altura também ainda não frequentava o ginásio, é certo. Daí, é natural que acabe por gastar mais dinheiro em bifanas (sofríveis) e farturas, que em livros. 
Aproveitei para comprar a edição da imagem, à direita, que encontrei por acaso e um preço verdadeiramente convidativo - obsceno até. Tinha a edição da esquerda há um montão de anos, muito provavelmente quando a série de desenhos animados passou cá em Portugal e pedi aos meus pais para me oferecerem o livro. Só que o livro, para além de um grande calhamaço de capa dura, que não dá jeito nenhum para ler, estava em português do Brasil. E se autores brasileiros já me custam a ler - o problema é meu, não deles, muito naturalmente - traduções em português do Brasil muito mais.
Mas nem tudo é mau na Feira do Livro. O mercado do livro infantil parece ter crescido, não só em quantidade, mas também em qualidade. As editoras, à falta de bons títulos, apostam em outras vertentes: nos sacos - há sacos de pano bem giros, além de mais práticos e ecológicos que os de plástico ou papel - e no pessoal vendedor, que até nos faz gaguejar quando entregamos o cartão multibanco.

3 comentários:

Marta disse...

Também eu me lembro de a minha mãe me dar 20 contos para comprar livros e eu e a minha irmã irmos tão carregadas que mal conseguíamos chegar ao barco. Agora com sorte com 100€ trazemos 5 ou 6 livros. E também acho que há demasiada banha da cobra que tira o encanto da feira. E aquela coisa de a cada esquina estar um " escritor " a dar autógrafos também me irrita um bocado.
E tem razão nem tudo é mau por isso é que continuo a ir religiosamente todos os anos.
Marta

Alexandra, a Grande disse...

Tenho um calhamaço de capa dura, da época da série, com gravuras a preto e branco e tabela de pronunciação dos nomes, mas creio que está em português de Portugal. Pelo menos, as vezes que lhe peguei depois dos 12 anos, sempre me pareceu bem. Mas agora lançaste-me dúvida... hoje vou confirmar.

fada*do*lar disse...

Oh que agora fizeste-me aquecer o coração.
Um dos livros que mais me fascinaram, quando o li, talvez aos 11, 12 anos.
Continuo a adorar calhamaços e irei em busca do meu exemplar (nenhuma das edições que mostras), certamente perdido num canto da casa materna.