segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Espaços decadentes não são de evitar, são mesmo de fugir

Grande parte dos sítios que estão na berra não se percebe porque o estão. Na verdade, porque meia dúzia de iluminados que expõe as suas ideias em guias de lazer e afins o decidiu, a par de um público igualmente pouco exigente, porque inculto e inexperiente. Assim se percebe que brunchs e pequenos-almoços de hotel tenham tanto sucesso para quem nunca teve mesas fartas quotidianamente, embora continuando na ignorância quanto ao que são ovos quentes; que runners tenham destronado os chemins à mesa ou que o gin tenha passado a andar em más companhias, que não os fiéis e acertados tónica, gelo e limão.
Sábado passado fui a um desses sítios, ali em frente ao miradouro de São Pedro de Alcântara, a pretexto de um jantar de aniversário. A reserva, para 15 pessoas, estava feita há mais de uma semana. No entanto, no próprio dia é que avisaram a aniversariante que tinham outra reserva, para duas horas mais tarde e que, portanto, teríamos de jantar em duas horas. Tipo manjedoura, mas à vez. Perguntou-me se quando existe overbooking no hostel, se põem uns clientes a dormir da meia-noite às quatro e os outros das quatro às oito. Porque toda a gente sabe que é perfeitamente exequível coordenar 15 pessoas sem atrasos, sobretudo num local sem estacionamento acessível. Num jantar de aniversário. Quando o próprio pessoal poucas vezes vem à mesa e quando o vem, é para insistir que só temos x tempo para terminar a refeição (foram três vezes que o fizeram). Obviamente que o grupo seguinte, também ele composto por outras 15 pessoas e com reserva feita há mais de uma semana, esperou mais de uma hora, sem que lhe tivesse sido oferecido qualquer aperitivo. O que não é de estranhar, já que a única coisa oferecida durante todo o jantar, para além do serviço inqualificável, foi mesmo a água. Da torneira, a única que veio para a mesa durante todo o jantar (sim, sim, as garrafas eram giras, mas a água continua a ser da torneira). 


2 comentários:

Eolo disse...

As reservas para jantar em duas horas eram muito comuns quando eu estava nos EUA, ficava sempre muito espantado, como se tivesse que comer com cronómetro. Por sua vez um dos meus amigos americanos ficou muito espantado quando por cá viu o oposto.

Quanto aos brunches, ainda não fui a nenhum em Lisboa que fosse transcendente, os melhores foram sempre os que fiz em minha casa.

Mas o brunch agora é moda, no outro perguntaram-se se sabia o que era, eu respondi que sim e devolvi a pergunta.

O brunch do Bebel em S. Bento é querido, gosto do espaço mas já não vou lá há meses. Enfim...

Pedro disse...

Faz-me lembrar a história da senhora holandesa que, há uns cinquenta anos atrás, em conversa com Avó ficava muito intrigada como e porque é que os portugueses passavam tanto tempo no café...

Quando só passado uma semana se informa o cliente das condições, é porque alguma coisa não está bem.