As novas amizades são como amantes que se descobrem pela primeira vez, segredos que vão caindo, pedaços de corpo que se desvendam por entre os dedos que tacteiam milímetro a milímetro de pele. Com medos, com incertezas, sem saber se se vai agradar ou não. Carícias murmuradas ao ouvido e lábios sôfregos, mas hesitantes.
As velhas amizades não. Os corpos são velhos conhecidos - já não escondem segredos. As carnes flácidas são carnes flácidas, as rugas são rugas. Corpos despudoradamente esventrados. Mas o beijo, esse, é certeiro.
14 comentários:
Para chegar ao patamar da amizade, e deixa-me usar a tua analogia, já se conhce muito do corpo do outro. O beijo é que nem sempre é certeiro ;)
Sim senhor. Poético. Gostei! Andas a aplicar-te :P
Há amizades que nada têm de pele. (diria que são todas,mas não tenho dom da verdade) As amizades que passaram pela pele foram mais do que amizade- podes chamar-lhe paixão, entusiasmo, desejo.
se tiveres razão o que fica sempte não é o beijo, é o olhar ;) (basta notar a foto do teu perfil)
Only: eu acredito que nunca se conhece ninguém... mas que a descoberta do outro acabar por ser sempre um tapa, destapa.
Adão: obrigado
ana: foi somente uma imagem - também não acredito que as amizades possam ser sensuais - pelo menos as verdadeiras. E de facto o que fica é o olhar, mais não seja porque o beijo pode ser fingido - o olhar não.
Que misturada que aqui vai!
Que bonito, poético...
beijinho de amizade "virtual"
Por isso é que sou adepto das amizades: das velhas e das novas.
ric@rdo: não é misturada nenhuma.
Elsa: obrigado - foi isso que pretendeu ser - tão simplesmente metáforas (não sei se poéticas)
Will: obviamente. Mas difícil é conservar as antigas.
:) That's it.
Pólo Norte: seja bem vinda!
Eu não sei se é ou não, mas acho que anda por aí...
Quando eu tinha 15 anos, na aula de português, a professora pediu a cada aluno que desse uma definição de amor. Eu disse «o amor é como pasta de dentes com sabor a peixe frito» e ela quis meter-me na rua.
Adoro a associação entre amizade e carnes flácidas.
Estas professoras, nunca entendem a poesia :)
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