quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Das amizades

As novas amizades são como amantes que se descobrem pela primeira vez, segredos que vão caindo, pedaços de corpo que se desvendam por entre os dedos que tacteiam milímetro a milímetro de pele. Com medos, com incertezas, sem saber se se vai agradar ou não. Carícias murmuradas ao ouvido e lábios sôfregos, mas hesitantes.
As velhas amizades não. Os corpos são velhos conhecidos - já não escondem segredos. As carnes flácidas são carnes flácidas, as rugas são rugas. Corpos despudoradamente esventrados. Mas o beijo, esse, é certeiro.

14 comentários:

Only Words disse...

Para chegar ao patamar da amizade, e deixa-me usar a tua analogia, já se conhce muito do corpo do outro. O beijo é que nem sempre é certeiro ;)

Adão disse...

Sim senhor. Poético. Gostei! Andas a aplicar-te :P

ana disse...

Há amizades que nada têm de pele. (diria que são todas,mas não tenho dom da verdade) As amizades que passaram pela pele foram mais do que amizade- podes chamar-lhe paixão, entusiasmo, desejo.

ana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ana disse...

se tiveres razão o que fica sempte não é o beijo, é o olhar ;) (basta notar a foto do teu perfil)

Pedro disse...

Only: eu acredito que nunca se conhece ninguém... mas que a descoberta do outro acabar por ser sempre um tapa, destapa.

Adão: obrigado

ana: foi somente uma imagem - também não acredito que as amizades possam ser sensuais - pelo menos as verdadeiras. E de facto o que fica é o olhar, mais não seja porque o beijo pode ser fingido - o olhar não.

ric@rdo disse...

Que misturada que aqui vai!

Elsa Serra disse...

Que bonito, poético...
beijinho de amizade "virtual"

Will disse...

Por isso é que sou adepto das amizades: das velhas e das novas.

Pedro disse...

ric@rdo: não é misturada nenhuma.

Elsa: obrigado - foi isso que pretendeu ser - tão simplesmente metáforas (não sei se poéticas)

Will: obviamente. Mas difícil é conservar as antigas.

Pólo Norte disse...

:) That's it.

Pedro disse...

Pólo Norte: seja bem vinda!
Eu não sei se é ou não, mas acho que anda por aí...

silvestre disse...

Quando eu tinha 15 anos, na aula de português, a professora pediu a cada aluno que desse uma definição de amor. Eu disse «o amor é como pasta de dentes com sabor a peixe frito» e ela quis meter-me na rua.

Adoro a associação entre amizade e carnes flácidas.

Pedro disse...

Estas professoras, nunca entendem a poesia :)