segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sossegai: no dia em que abandonar o blog faço como aquele clássico do marido que vai à rua comprar cigarros e nunca mais aparece


Há alturas em que me apetecia abrir um novo blog, não vos dizer nada, começar tudo do início, uma nova identidade, onde ninguém me conheça. Novos desconhecidos, novos anónimos. Em vão. Já não me incomoda o cada vez menor anonimato. Tão queridos, o que possam pensar. Ficam-nos tão bem esses pensamentos. O problema não são vocês, sou eu. O problema é que, para além do comemos, somos também o que lemos, quem lemos, porque não dizê-lo, quem comemos. Na verdade, o que queria era uma outra pele; a vida agarra-se por vezes a nós como hera, aperta-nos, sufoca-nos; já não sabemos quem somos, se nós, se nós, se quem nos prende, sufoca. Fugimos de nós próprios como o Diabo da Cruz. "Desde que tudo me cansa / Comecei eu a viver", crisálida de mim.


2 comentários:

SJ disse...

Já somos dois :)

Maria Eu disse...

A isso chama-se lucidez. É do pior, a parva!!